Sentia o cheiro do sal, do mar, ouvia o som das ondas, sentia o sol beijar minha pele, o vento fazia dançar os meus cabelos. Não sei quanto tempo passou enquanto eu vivia, talvez 5 minutos ou 5 dias, estava serena e sentia paz, mas aos poucos ouvia um ruído que se tornava mais frequente e mais agudo, o vento gemia, abri os olhos lentamente, as ondas quebravam com força na areia, de repente a areia foi envolvida por uma corrente de ar que a fez girar e subir, pensei em levantar, tentar socorrer a areia ou talvez acalmar o mar, pensei em dizer palavras agradaveis para o vento, mas percebi que não fazia sentido, a natureza precisava ser e eu precisava me reter, dei três passos pra trás, sentei novamente, fiquei observando o caos, ele não precisava me envolver, voltei à minha serenidade.
Quando eu era criança eu abraçava as pessoas achando que assim podia sarar as suas dores. Os meus medos eram reais, embora não o fossem, porque pra mim eles existiam. Eu transbordava sinceridade, chorava e ria alto sem me preocupar se incomodava ou não, eu era fiel ao meu coração e a tudo que eu sentia. Eu brincava como se a vida fosse feita só de diversão, eu corria e minha energia nunca acabava e eu achava que podia correr até o fim do mundo. Eu não entendia porque as coisas eram tão complicadas, tudo era tão simples pra minha inocência! Eu era muito sensível e tudo me machucava muito, eu chorava pelas minhas dores e muito mais ainda pelas dores dos outros. Eu etendia muito mais as coisas e vida do que hoje...
Comentários