Num imenso fundo azul pálido dançavam vívidos raios de luz, vindos do mais profundo absoluto, e uma suave brisa cintilando paz. Corriam e se espalhavam ao som da criação. Se expandiam e se recolhiam em movimentos ritmados como notas da mais bonita canção.
A água escorria por todos os lados e dava forma a inúmeras vidas, que nasciam e preenchiam cada espaço do infinito. Pontos de luminosidade se fixavam no azul que escurecia. Cada material ia se derramando do abstrato e ia se tornando concreto, cada um no seu lugar, povoando, perfomando, criado e criando. Tudo se fazia um, menos a luz e a brisa, que não podiam objetivar-se em nada, assim que uniram-se em um só essência.
Habitaram o mundo antes de ele se chamar assim. Uma essência hermética que pairava pela existencialidade sendo, e apenas sendo, até o momento que precisou ter, e tendo precisou dividir-se em dois seres diferentes, mas construídos pelo mesmo material, preenchidos do mesmo ar, formados pela mesma luz. Se dividiram aí tomando cada uma sua individualidade, mas com a mesma recendência.
Lançadas à criação, ao habitat surgido da vontade. Viveram por uma eternidade, iluminando e preenchendo, provando e liberando, voando e se arrastando. Na memória profunda a saudade do que foi um só.
Por tanto viverem, no sentido complexo que exprime a vida, se sabotaram na ilusão de chamar atenção do Tudo e do Todo, que com medo da luz mitigar e do ar se dissipar, as fez se encontrar, o que as testemunhas perpétuas sabiam ser um reencontrar.
Se tocaram, se expandiram, se recolheram, se envolveram, se mesclaram. Conviveram, se habitaram. Dissiparam a tormenta. Se despediram, mas tamanho foi o medo de se separarem outra vez que o ar agora brilha e a luz venta.
Quando o céu está cinza chumbo, com nuvens pesadas, a brisa anuncia a chuva e as gotas caem, fortes, pesadas, sinto meu coração se encher de paz, sinto essa brisa na minha alma. Nunca entendi porque, geralmente as pessoas gostam de céu azul e sol, até perguntei à minha mãe se nasci em dia de chuva, mas ela disse que quando eu nasci estava sol. Eu absolutamente amo a lua, sinto que temos a mesma essência, não sei explicar, amo os planetas, as galáxias, mas eu nasci de dia, meio dia e vinte pra ser mais específica. Dizem que tenho uma vibe doce, mas eu amo filmes de suspense e serial killers. Minha mãe faz o melhor bolo do mundo, mas eu prefiro pizza. Parece que sou feita de desencontros, de paradoxos, um mar revolto na profundidade e sereno na superfície, onde os barcos deslizam tranquilos no perigo. Passo em estações, como passa a água por todos os seus estados, seca, molhada, fria, dispersa, em movimento, nem todos me agradam.Passo ao meu próprio passo, levo o que dá, deixo o que con
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