Olhou-se no espelho, restos de cores se misturavam ao cinza que insistia em estar
Mudas de flores, pedaços de estrelas, rastros de luz, giravam felizes deixando-a atônita e enjoada
Os fios de cabelo se prendiam desalinhados, um charme para poucos, traziam sobre seu rosto detalhes de noite
Olhos cansados, profundos, carregando intensidade de amor e de dor, capazes de expressarem por si sós para outros olhos que trouxessem a mesma profundidade, o mesmo mistério, a mesma paz
Endireitou os ombros, sorriu torto enquanto uma lágrima intrusa se metia no palco facial
Não a enxugou, deixou que fizesse seu percurso, seu desenho desajeitado
suspirou, respirou, abandonou aquela posição, deixou-se sumir no horizonte do leito, foi perder-se entre outros mundos, bons ou ruins só saberá quando despertar.
No espelho, o reflexo da parede e de um quadro floral, desabrochado ao mundo como se o espelho fosse agora capaz de prever o futuro.
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