Sentei no sofá, sentia um gosto amargo na boca, meu coração batia apressado como se soubesse que eu estava sentada porém desejando correr com a velocidade da dor, não uma dor qualquer, mas a minha dor, ela chega sem precisar da causa, é uma reação antes da ação. Mas dessa vez tinha causa sim, tínhamos brigado, uma briga sem discussão, sem gritos, sem barulho, barulho externo, porque meu interior estava numa algazarra tão grande que me sentia ficando louca. Levantei e sai porta a fora. Não fazia ideia de onde as minhas pernas estavam me levando, sentia vontade de chorar, mas as lágrimas estavam presas, assim como minha razão e minha sanidade. Quando ouvi o barulho do mar, parei, meus olhos se fixaram naquela imensidão, onde o mar e o céu se misturavam no mesmo azul infinito. Caminhei pela areia fina, aquele cheiro de sal de certa forma conseguia dar algum sabor a minha alma por algum tempo insossa. A água cobriu meu pés como se aquela pequena onda deslizasse sobre a areia, sentei, olhei aquele infinito e fechei os olhos, aos poucos o Infinito foi preenchendo meu coração, meu ritmo cardíaco já havia desacelerado, assim como meus pensamentos, chorei, como chora o ser humano quando o ar da vida invade seus pulmões, a própria Vida invadiu minha alma, respirei, suspirei, vivi. Levantei, sacudi a areia da minha roupa, caiu areia, tristeza, dor, tudo em pequenos grãos. Caminhei de volta pra casa, de volta pra mim.
Quando o céu está cinza chumbo, com nuvens pesadas, a brisa anuncia a chuva e as gotas caem, fortes, pesadas, sinto meu coração se encher de paz, sinto essa brisa na minha alma. Nunca entendi porque, geralmente as pessoas gostam de céu azul e sol, até perguntei à minha mãe se nasci em dia de chuva, mas ela disse que quando eu nasci estava sol. Eu absolutamente amo a lua, sinto que temos a mesma essência, não sei explicar, amo os planetas, as galáxias, mas eu nasci de dia, meio dia e vinte pra ser mais específica. Dizem que tenho uma vibe doce, mas eu amo filmes de suspense e serial killers. Minha mãe faz o melhor bolo do mundo, mas eu prefiro pizza. Parece que sou feita de desencontros, de paradoxos, um mar revolto na profundidade e sereno na superfície, onde os barcos deslizam tranquilos no perigo. Passo em estações, como passa a água por todos os seus estados, seca, molhada, fria, dispersa, em movimento, nem todos me agradam.Passo ao meu próprio passo, levo o que dá, deixo o que con
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