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Uma volta em mim

Sentei no sofá, sentia um gosto amargo na boca, meu coração batia apressado como se soubesse que eu estava sentada porém desejando correr com a velocidade da dor, não uma dor qualquer, mas a minha dor, ela chega sem precisar da causa, é uma reação antes da ação. Mas dessa vez tinha causa sim, tínhamos brigado, uma briga sem discussão, sem gritos, sem barulho, barulho externo, porque meu interior estava numa algazarra tão grande que me sentia ficando louca. Levantei e sai porta a fora. Não fazia ideia de onde as minhas pernas estavam me levando, sentia vontade de chorar, mas as lágrimas estavam presas, assim como minha razão e minha sanidade. Quando ouvi o barulho do mar, parei, meus olhos se fixaram naquela imensidão, onde o mar e o céu se misturavam no mesmo azul infinito. Caminhei pela areia fina, aquele cheiro de sal de certa forma conseguia dar algum sabor a minha alma por algum tempo insossa. A água cobriu meu pés como se aquela pequena onda deslizasse sobre a areia, sentei, olhei aquele infinito e fechei os olhos, aos poucos o Infinito foi preenchendo meu coração, meu ritmo cardíaco já havia desacelerado, assim como meus pensamentos, chorei, como chora o ser humano quando o ar da vida invade seus pulmões, a própria Vida invadiu minha alma, respirei, suspirei, vivi. Levantei, sacudi a areia da minha roupa, caiu areia, tristeza, dor, tudo em pequenos grãos. Caminhei de volta pra casa, de volta pra mim.

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Post feliz

Acordei cedo aquele dia, chovia muito, sorri. Senti um cheiro doce. Abri a janela, fui recebida por um vento frio, mas paradoxalmente ele aqueceu meu coração e agora me aquece todos os dias. É um arco iris em tons pasteis, uma grama verde macía, cheiro de casca de árvore, de tangerina docinha. Permaneceu no meu coração a luz sutil, nos meus dias e nas minhas noites claras a claridade do consolo, da voz tranquila, embalada em muito amor. Cura na dor. Paciencia na insegurança. Cuidado na permanencia. Amor e mais amor. É meu teto de estrelas, minhas paredes coloridas em aquarela. Areia branquinha, cheia de conchinhas, uma flor amarela. Um dia cheio de cor, ainda que o céu esteja cinza chumbo. Rafaela no mundo, é presente dos que não se espera, cria raizes no profundo, É fecundo. Frutos doces da cura, sorvete de chuva e mel, Alma pura, amizade de céu.

Vazio

Não entendo muito de luz, geralmente ela me deixa confusa...mal posso enxergar, nem fora nem dentro. Não suporto a escuridão, me falta o ar, o pulsar não. Meia luz me dá sono. Meio escuro me dá medo. Muita luz só serve se eu a direcionar, voltada pra mim só traz dor. A falta dela me leva em qualquer direção. Um céu escuro com milhares de estrela, um céu nublado com o sol bem escondido. O que me assusta é a ausencia ou a presença? Uma presença ausente ou uma ausencia que se torna presente.
Sentia o cheiro do sal, do mar, ouvia o som das ondas, sentia o sol beijar minha pele, o vento fazia dançar os meus cabelos. Não sei quanto tempo passou enquanto eu vivia, talvez 5 minutos ou 5 dias, estava serena e sentia paz, mas aos poucos ouvia um ruído que se tornava mais frequente e mais agudo, o vento gemia, abri os olhos lentamente, as ondas quebravam com força na areia, de repente a areia foi envolvida por uma corrente de ar que a fez girar e subir, pensei em levantar, tentar socorrer a areia ou talvez acalmar o mar, pensei em dizer palavras agradaveis para o vento, mas percebi que não fazia sentido, a natureza precisava ser e eu precisava me reter, dei três passos pra trás, sentei novamente, fiquei observando o caos, ele não precisava me envolver, voltei à minha serenidade.